09 December 2009

Contextualização.

Prestes a completar a primeira década do século 21, o mundo se encontra para acertar como resolverá e como se adaptará às mudanças do clima. Esse encontro entre as nações do nosso planeta que acontece em Copenhague é carregado de enorme simbolismo e responsabilidade. É a primeira vez que temos um desafio realmente global, uma vez que as alterações climáticas não respeitam fronteiras e os gases de efeito estufa se misturam uniformemente na atmosfera independente de onde foram emitidos.

Após vinte anos de debates acalorados, a ciência já demonstrou que somos nós, seres humanos, os responsáveis pelo acúmulo desses gases na atmosfera. Agora é a vez da política, no bom sentido da palavra, orquestrar as ações necessárias e os incentivos apropriados para estabilizar esse acúmulo e evitar consequências catastróficas para a vida como a conhecemos.

Sopa de números

Os gases de efeito estufa, sendo o carbono (CO2) o mais importante, pois representa 80% do total emitido, são medidos pela sua concentração no total da atmosfera. Essa medição é feita em partes por milhão (ppm). No momento, o número aproximado é 390. Se é pouco ou muito, depende do ritmo em que essa concentração vem aumentando. As medições mais antigas, feitas em camadas de gelo, datam de uns 600 mil anos atrás e apresentam um número aproximado de 280 ppm. Era um valor semelhante ao que existia há duzentos anos, quando se iniciou a revolução industrial, permitida graças à queima dos combustíveis fósseis, principalmente o carvão mineral e posteriormente o petróleo. Ou seja, em pouco mais de 200 anos aumentamos a concentração desses gases em 110 ppm, e o ritmo atual é de 2 ppm por ano e crescente.

Desse encontro mundial, a COP-15, espera-se um compromisso de limitar essa concentração em 450 ppm. Esse é um número estimado para que não haja um aumento médio na temperatura superior a 2°C.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, conhecido pela sigla em Inglês IPCC, e que é composto por milhares de cientistas dos mais diversos países, é muito claro sobre o nosso dever enquanto sociedade global de limitar as emissões a não mais que 1,8 mil gigatons de toneladas de CO2 (1,8 mil GtCO2e). Isso significa que temos para os próximos 100 anos um orçamento anual de 18 GtCO2e. Hoje o mundo emite em torno de 50 GtCO2e anualmente.

Sair desses 50 para 18, e eventualmente a zero, tem que ser feito internamente por cada país, mesmo que possuam contextos geográficos, diferenças culturais, níveis de tecnologia e padrões de desenvolvimento bastante distintos entre si. Daí a importância das metas de redução, obrigatórias e voluntárias, como moeda de troca entre esses países durante a Conferência.

A magnitude desse problema requer:
a) mudanças na maneira como geramos energia e nos transportamos;
b) repensar e reordenar a forma como usamos o solo e produzimos alimentos;
c) aperfeiçoar a maneira como transformamos os bens e como os consumimos;
d) conservar a totalidade das florestas tropicais que ainda resta.

Isso é muita coisa. Exigirá um nível de cooperação entre os países que não foi necessária em nenhum outro momento da nossa história. Por isso esse encontro é tão simbólico.