14 December 2009

As vantagens do Brasil.

Em 2016, sediaremos os Jogos Olímpicos. Essa oportunidade que nos foi dada pelo mundo é fruto dos avanços institucionais, econômicos e sociais que alcançamos nas duas últimas décadas. No entanto, essa não é a primeira vez em nossa história recente que sediaremos algo de tamanha importância.

Em 1992, também no Rio de Janeiro, o Brasil foi palco da reunião mais importante dessa geração, e possivelmente das próximas também. Foi durante a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, ou simplesmente ECO-92, que se iniciou a Convenção de Mudanças Climáticas, agora em seu décimo quinto encontro, e outras de igual importância, mas de menor apelo político, como a Convenção sobre Diversidade Biológica.

Esse potencial avassalador de nosso país frente a esses temas ainda precisa ser incorporado econômica e politicamente por nossas lideranças. Não apenas para aparecer nos holofotes mundiais em busca de um reconhecimento momentâneo, mas com propostas sérias para que nossa megadiversidade, nossa riqueza em fontes de água e vento, e a grandeza de nossas florestas tropicais passem a valer como verdadeiro peso político e econômico nesse mundo multipolarizado que se configura no século 21.

Essas vantagens comparativas devem virar vantagens competitivas. Elas ficam evidentes nas negociações do clima aqui em Copenhague:

a)Temos emissão per capita baixíssima comparada a qualquer país quando não contabilizamos emissões de desmatamento.
b)Nossa maior fonte de emissão vem do desmatamento da Amazônia, que por sua vez vem caindo significativamente nos últimos anos. Provando que a maior parte das nossas emissões definitivamente não está associada a desenvolvimento.
c)Temos o maior potencial de energias renováveis, como água e vento.
d)Somos lideres em bicombustíveis (cana-de-açúcar) que tem potencial de aumentar ainda em pelo menos 4 vezes sem a necessidade de derrubar uma única árvore e sem qualquer ameaçar a nossa produção de alimentos.
e)Estabilizamos nosso crescimento populacional três décadas antes das previsões mais otimistas.

Colocar essas vantagens na mesa exige coragem política e diplomática. Principalmente porque pode ir contra interesses de países emergentes e/ou importantes parceiros comerciais.

Como disse Tasso Azevedo, um dos visionários desse modelo de desenvolvimento para o país, em entrevista publicada pela National Geographic (outubro/2009), “Se o país não tomar uma posição proativa agora, e anunciar que também vai entrar na rota de redução de emissões, não teremos argumentos para fazer com que a modernização na indústria brasileira seja estimulada, incentivada, subsidiada para transformá-la a tempo em um setor de baixa emissão, e a ponto de torná-la competitiva”.

A meta de redução por volta de 40% em 2020, em relação ao que estaríamos emitindo se nada fosse feito, seguida da meta de redução em 80% do desmatamento na Amazônia, é um importante sinal. Mas é preciso que a mobilização comece já! Que ela saia dos discursos e entre nas pautas econômicas. O entusiasmo das Olimpíadas pode ser compartilhado com esse desafio que é na verdade muito mais relevante.

-//-

A presença de diferentes lideranças políticas brasileiras em Copenhague comprova a importância da COP-15. Nos vídeos abaixo você poderá ver trechos da participação de José Serra, governador do Estado de São Paulo, e de Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente. Outros vídeos com diferentes lideranças serão postados nos próximos relatos.


José Serra from Brasil e o Clima on Vimeo.



Marina Silva from Brasil e o Clima on Vimeo.